Sabias, se me escutasses,
que aguardo o verão com a ansiedade do guerreiro na hora da batalha ou o desassossego da
adolescente antes do grande encontro; como se tivesse estado de joelhos,
durante toda a noite, atenta ao murmúrio do oráculo e fosse agora o momento de
desvendar o enigma.
Sabias, se me adivinhasses, de uma existência mais do que escrita nas folhas de
um caderno ou de um palavrear de insatisfação em linhas curvas; como se as
palavras fossem eu e quisessem vida depois de anos amarradas aos cabelos da
esfinge, exposto agora o desejo à nudez do amanhecer.
Sabias, se me visses, da força dos rebentos em vésperas da floração, ou da
energia de uma estrela mal pousada no espaço, a querer abraçar a terra; como se
o romance não tivesse ainda começado mas o seu halo já pairasse por cima da
pose inquieta e do fogo a arder nos lábios.
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